terça-feira, 14 de abril de 2009

... e a festa acabou cedo.



Minha mãe sempre foi uma pessoa que se importa com os outros. Participava de grupos de reza que faziam eventos para arrecadar fundos para ajudar os pobres. Eventos que destruíam domingos. Acho que muita gente já passou por essa experiência: Churrasco Beneficente, que se camufla de Churasco Dançante, para atrair mais gente. Se tivesse o adendo "tragam seus próprios talheres e pratos" então, era só alegria. Agora isso acontecia pelo menos um domingo por mês, mas tinha também alguns eventos comemorativos, como a famosa Festa Junina.

Festa junina beneficente. Êba. Ta certo que com 11 anos de idade, você não tem faz muita coisa num sábado a noite, então uma festinha junina só faz seu sábado ser mais legal. Fui pra festa e nossa, tava um saco. Povo mole, quem era animado conversava sentado. Chato mesmo. Precisava fazer algo legal. Olha, eu não sei vocês, mas se tem um negocio que diverte um guri numa festa junina é soltar bombinha. Nossa, bom demais isso. Explodir coisas: garrafa pet, latinha de refri, lata de tinta e potes em geral. Eu estava com algumas bombinhas no bolso e precisava de companhia para estoura-las.

Então chegou uma amiguinha minha, quase irmã na época. Saímos para caçar algo para estourar. Procura ali, procura lá, paramos no canto da festa onde tinha um morro de palha. Joguei a bombinha e não estourou. Ué que estranho... Aí começo a olhar firme pra onde a bomba tinha caído. Vejo uma labareda sapeca. Ihhh... Olhei pro lado, minha amiguinha já tava comendo mandioca com os pais dela, como se nada tivesse acontecido. Saí de lá também, sentei na mesa e fiquei quietinho.

Situação foi a seguinte. Primeiro cara a gritar em um evento beneficente religioso a frase "P*TA QUE O PARIU TA PEGANDO FOGO!" foi um que tava dançando todo alegre na quadrilha e ficou sério. Gritaria. Pessoas com baldes. O fogo cresceu de um jeito que começou a ameaçar as janelas do prédio do lado. Correria era grande. Todos estavam preocupados e aflitos, apenas duas pessoas que não: eu que quebrava palitos de dente em pedacinhos e minha amiga servia um pouco mais de mandioca.

Meu tio, é um cara que tem o pé atras quando acontecem coisas estranhas do nada. Pra ele, se aconteceu uma cagada e eu ainda estou junto, tudo faz sentido. Matou tudo numa olhada só:
- mas foi você né negão?
- hum?
- HAHAHAHAHAHAHAHAHA.

Baixei a cabeça triste. Meu tio se acabava de rir. Minha mãe olha pra mesa em minha direção. Encontra o filho de cabeça baixa meio que rindo e meu tio gargalhando sem parar. A cara dela foi uma mistura de: " meu deus do céu, meu filho botou fogo na minha festa junina" com " acho que começaria cortando o bracinho".

Enfim, como era apenas palha, o fogo não teve força para queimar mais nada. Só deixou preta a parede e acabou com uma festa. Minha mãe teve que fazer cara de "oie" para todos até ir embora. Não sabiam que tinha sido eu, mas minha mãe é total encanada e correta. Se ela ficasse mais meia hora naquela festa, iria pegar um microfone e dedar que tinha sido eu. Pelo menos eu sei que 3 pessoas se divertiram naquela festa do começo ao fim: eu, minha amiguinha e meu tio.

Um comentário:

anê disse...

a foto ficou demais! e se eu fosse sua mãe, te enxia de sopapos. haha