segunda-feira, 20 de abril de 2009

Enganando a família no revellion




Exitem famílias que sempre viajam nas férias de final de ano. Algumas viajam pra lugares diferentes a cada ano, outras viajam para o mesmo lugar sempre. A minha não. Ficamos mais em casa. E eu gosto disso, não acho tão ruim não. Mas quando surge uma oportunidade de conhecer um lugar novo, é sempre bacana, né? E foi com esse intuito que minha mãe apareceu com uma "novidade". Achou em uma mini-notinha nos classificados do jornal um anuncio pequeno e magrinho dizendo sobre um hotel fazenda. Ligou para o número, papo vai, papo vem e ela foi gostando do lugar:

- mas então vocês têm um café da manhã bem variado, com frutas daí, geleias e vários tipos de pães e tal?
- temos sim.
- e tem cavalo para passear?
- claro temos sim.

Se convenceu. Veio nos dar a notícia.

- gente, nós vamos passar o reveillon num hotel fazenda!
Olhares meio "humm... ta" foram inevitáveis. Morávamos antes em uma cidade onde o assunto era boi, então fazenda era algo que conhecíamos muito bem. Mudamos para outra cidade onde não se fala sobre boi. Só que minha mãe tinha os seus motivos.

- é um Park Hotel, será um revellion de contato com a natureza, andaremos à cavalo e vamos nadar em águas quentes.
- mas é numa fazenda mãe?
- mais ou menos isso.
- hum...
- são chalés! vamos ficar em um chalé!

Por que não? Né? Fomos. Pra mim iríamos na fazenda do Chico Bento só que mais chique. Chegando no local ( que parecia lenda já, de tão complicado ) A primeira decepção foram os "chalés!" que ainda estavam em construção. Os prontos era os chalés mais sem-graça de todo o Goiás. Feio. Mas não vamos desanimar, certo? Entramos no quarto. Foi aí que começou a dar aquela desanimada. O quarto onde ficaria eu e minha irmã tinha, por culpa de alguma lógica do dono, 5 camas de solteiro um berço. Pra mim era um quarto para uma família circense. Cada cama tinha uma roupa de cama diferente: Uma azul, outra rosa com borboletas, um bege, ou seja, parecia que o cara abriu um grande armário de sua casa e pegou lá o que tinha, exatamente no mesmo dia que decidiu abrir um hotel-fazenda. Tenso.

Ao terminar de ver o quarto, fomos até a sacada que dividia com o quarto do lado, que ainda bem eram dos meus pais. O encontro de minha irmã e eu com meus pais na sacada foi marcado com um rosto coletivo de "pior que é longe ainda". Bom mas minha mãe tinha ainda o espírito aventureiro no corpo, tentou nos animar:

- bom, lugar é rústico...

Passamos o dia fora, em um termas nadando em piscinas sensacionais de água quente. Muito bom mesmo. Hora ruim era voltar pro hotel-fazenda, e naquela noite, teríamos o tão aguardado: Revellion. Lógico que iríamos passar lá. Todo mundo se arrumando, vestindo branco, chegou a hora de ir curtir a ceia. Acho que foi nesse momento que passamos a sentir que o fundo do poço tinha mesas e cadeiras com ceia self-service. As mesas todas de piscina com um pano feio, apenas 8 lâmpadas natalinas imensas, clima mórbido e escuro. Tocava uma música sertaneja saindo de uma caixa de som que parecia ser de 1943 e claro, nenhum sinal do dono na festinha. Qualquer pessoa que você olhasse do lado tinha a expressão igual a sua: de arrependimento, com raiva, com depressão, com final-do-ano-e-to-aqui, com quero-minha-casa e uma pitadinha de e-eu-falei-que-não-queria-ir-pra-fazenda-num-revellion.

Ceia começou 20h00. 20h40 estávamos nos quartos já. Então, toda família sentada na cama vendo televisão, eis que minha mãe levanta e vai ao banheiro. Volta do banheiro e olha pro meu pai com uma cara de tristeza absurda. Num gesto solidário, meu pai tem um ataque de riso. Ninguém sabendo o porque. Ele não consegue falar, começa a rir muito, minha mãe se irrita. Minha irmã ri de besta junto. Eu começo a rir também. Minha mãe se entrega e rí junto. Família inteira rindo, até meu pai parar e concluir indagando para minha mãe: - minha querida, onde a gente tá?

Deu meia-noite. Fizemos guerra de espuma, foi bem bacana. Naquele momento a gente percebeu que não importava muito se estivéssemos em casa, ou na casa de algum parente, ou em um hotel feito por um camelô. O bacana era que além de a gente se curtir, íamos embora mesmo no dia seguinte. A partir daquele dia, aprendemos a pedir o folder do hotel, pra não ter tanta surpresa.

3 comentários:

anê disse...

ri demais na parte da familia circense HAHAHAHA

Concunhado do Walmor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Concunhado do Walmor disse...

O QUE QUE TINHA NO BANHEIRO?
um cocô?