quinta-feira, 9 de abril de 2009

Perdendo o dinheiro, durante a viagem.

Minha mãe é uma mulher muito perspicaz. Em casa ela manda e desmanda, e ai de quem desobedecer. No lar ela faz o que quer: faz comida, faz faxina, trabalha como síndica do condomínio onde eu moro (que possui 25 Blocos), descasca os maiores abacaxis do mundo. Mas uma coisa ela não consegue fazer sozinha. Às vezes você precisa de ajuda para amarrar o cadarço, empurrar o carro, coçar as costas. Minha mãe precisa de ajuda para pensar.

Eu não tenho carro. Meu pai (agora como figurante) fez questão de nunca oferecer um transporte confortável e seguro, pois este na opinião dele, é um luxo que os filhos não merecem. Para ele devemos andar a pé debaixo do sol quente até que tenhamos condições de comprar um chevette 78 bege com pára-choque enferrujado. Confesso que não sou completamente adepto dessa idéia, então resolvi andar a pé mais um pouco e pegar caronas com ele, até consiga ao menos dar entrada em um meio de transporte razoável. Minha mãe concorda comigo, mas nunca manifestou um apoio físico e concreto em prol da minha locomoção. Quando me empresta seu carro, me sinto devedor por usar e deteriorar um bem que ela batalhou tanto para conseguir. Porém quando ela grita dizendo que eu só trago prejuízo para sua vida e que estou destruindo a família através do carro, sinto que pelo menos parte da minha dívida foi paga ao ouvir um desaforo destes.

Mas tudo estava prestes a mudar, quando ela resolveu nos salvar com uma promessa que milagrosamente iria cumprir. Ela iria ao México trabalhar em prol de pessoas que precisam de ajuda, e ainda ganharia dinheiro por isso. E melhor: usaria ele para nos ajudar a comprar um carro!!! Acontece que minha mãe participa de um projeto profissional que a leva para vários lugares do mundo em programas assistenciais, o que traz para ela uma carga cultural recheada de novos costumes e conceitos que muitas vezes chegam a deixá-la confusa.

Confusa até demais.

Imagino que a mudança de ambiente tenha atordoado o raciocínio lógico da minha mãe em nível de sujeitá-la a fazer a cagada que fez.

Após terminar seu último dia de trabalho no México, resolveu não se divertir, como fizeram todos os seus colegas, e voltar logo ao Brasil. Colocou suas roupinhas, presentinhos e bugigangas que comprou dentro da mala, pegou TODO o seu dinheirinho economizado e pegou o avião feliz e saltitante de volta para o Brasil.

Chegando em São Paulo, foi tentar trocar os pesos mexicanos que tinha na carteira, junto com todo dinheiro. Sem sucesso, pegou a carteira e foi-se embora. Foi ao restaurante comer um lanchinho e na hora de pagar.....

CADÊ A CARTEIRA??


Ela acabara de ter sua carteira furtada com US$1500 dólares americanos, R$ 900 reais e P$ 350 pesos mexicanos. De acordo com a cotação do dólar do dia, ela perdeu pouco mais de R$ 4500 reais. Ela passou o dia inteiro sem poder sequer comer, até pegar o avião de volta para Campo Grande.


Para fechar com chave de ouro, meu pai entra em cena, e vai buscá-la no aeroporto da cidade com 2 horas de atraso. 10 minutos após a saída dele, ela chegou desgraçada da vida, se trancou no quarto depois de brigar comigo (dizendo que sua família era uma bosta), e ainda me fez pagar os R$ 40 reais do taxi.


Moral da história 1: Quanto maior o risco, maior o lucro. Ou perda.

Moral da história 2: Preciso aprender a gostar de andar a pé.

Um comentário:

madde disse...

Ola ,

Não diga me que esta historia revela a verdade.... si for o caso, cuitada da tua mae! Que historia triste. Um abraco da madeleine